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ACB realiza apresentações culturais nas comunidades rurais

conheça o processo que findou nas apresentações: até agora, Crato e milagres irradiaram os resultados do projeto

Sob a luz da lua cheia: forró, coco, repente, xaxado, maculelê e poesia. A ACB deu início, no mês de agosto, as apresentações culturais do projeto Jovens Familiares Produzindo no Cariri, patrocinado pela Petrobras. Ao todo serão 12 atividades envolvendo 11 comunidades e a Feira Agroecológica de Milagres, lançada no dia 05 de Setembro. Como convidados, até agora, o Grupo Urucongo de Artes, da comunidade de Chico Gomes, em Crato. Além disso, moradores e artistas populares locais mostraram um pouco de seu trabalho.

As apresentações fazem parte do ciclo final de atividades do projeto. Elas funcionam para fomentar e irradiar o trabalho de jovens nas comunidades atendidas. Além disso, estimula a criação de novos grupos, que valorizem a cultura local. “Tem que ver se aprendeu de fato, se foi feito a leitura da realidade deles. Focando a vivência deles dentro do projeto. O que eles têm. É o que eles mesmo sabem fazer e já vem fazer nos processos organizativos. Aqui, é para a gente ver se o projeto deixou alguma coisa plantada”, explica Socorro Silva, coordenadora dos “Jovens Familiares Produzindo no Cariri”.

O projeto, segundo Socorro Silva, não foi pensado somente na questão da agricultura familiar, mas também, na produção cultural e na oportunidade dos jovens se sentirem bem em suas comunidades de origem. “Estamos vendo se a turma se empenhou e entendendo a produção, relação interpessoal, da família, comunidade, as potencialidades que eles têm. A capacidade de cada. Se eles descobriram que aqui é o lugar deles, lugar bom de viver, que tem possibilidades. As apresentações culturais têm essa perspectiva. A valorização do que eles sabem, do que eles aprenderam com o tempo”, completa Socorro.

Já Aparecida Oliveira, coordenadora pedagógica do projeto, explica que trazer o Grupo Urucongo de Artes, que também é de uma comunidade atendida pela ACB, o Chico Gomes, incentiva a difusão das atividades que os jovens fazem em suas localidades. “Incentivar o que o jovem já vinha fazendo e fazer de uma forma que eles pudessem agregar outros valores, outros conhecimentos. O projeto não pode beneficiar mais comunidades porque número de sistema PAIS é resumido: 75. Então, as outras comunidades que não participaram nesse projeto e estão no entorno de cada município e vão, de certa forma, se inteirar das ações do projeto”, coloca Aparecida.

Além de difusão, é uma forma de animar os jovens, apresentar os resultados de formar criativa e incentivar outras comunidades a criarem seus grupos artísticos. É o caso do Assentamento 10 de Abril, que recebeu o artista João do Crato, convidado pela ACB. João iniciou junto com os jovens a criação de um grupo, focado na apresentação de dança e teatro. O resultado do trabalho também será mostrado em uma das 12 apresentações previstas no projeto.

Outro aspecto levantado por Aparecida Oliveira é a valorização da cultura local. Apesar de reconhecer que os jovens têm acesso e gostam de outras culturas, o trabalho valoriza os saberes locais, a própria história e fortalece a organização da comunidade. “Todos esses grupos (Urucongo e no Assentamento 10 de Abril) surgiram do conhecimento de cada. É um incentivo para que eles toquem, também, o trabalho para frente, que criem alguma coisa e que o jovem passe a fazer parte de uma coisa que tenha mais significado da questão cultural e de organização da comunidade e outros aspectos da vida deles lá”, conclui Aparecida.

A primeira noite de apresentação cultural aconteceu no próprio Chico Gomes, em Crato, onde lá encontra-se uma das implementações do projeto: a cozinha comunitária. A comunidade do Grupo Urucongo de Artes recebeu seus jovens que, começaram em 2006, com um grupo de quadrilha junina. Depois de um processo de estudo da cultura local, hoje eles realizam atividades de dança, oficinas de construção de instrumentos musicais, biojóias e teatro e apresentam espetáculos de rua trazendo manifestações tradicionais como o maculelê, coco e xaxado.

O Grupo Urucongo, parceiro da ACB, foi convidado para se apresentar em outras comunidades. A primeira foi na noite de domingo, no dia 23 de agosto, na comunidade de Oitis, em Milagres. Além dos moradores do próprio Oitis, vieram pessoas de sítios vizinhos, como o Catolé. Repleta de poetas e violeiros, os artistas locais foram uma das atrações que abriram a noite animando o pessoal.

A apresentação seguinte aconteceu no Coqueiro, comunidade vizinha ao Chico Gomes, também no Crato. Novamente, o Grupo Urucongo se apresentou numa noite repleta de crianças que encerraram a apresentação com uma ciranda. Enquanto a quarta apresentação aconteceu, mais uma vez, em Milagres, na comunidade de Valdevino. A atividade aconteceu na noite de domingo, 31 de agosto, no Centro Cultural, que passa por ampliação e reforma a partir da organização dos próprios moradores.

Lá, no Valdevino, ainda teve apresentação com sanfona, zabumba e pandeiro, tocando forró, que abriu as apresentações. Outra vez, o Grupo Urucongo de Artes foi convidado para apresentar seu espetáculo de música e dança, com maculelê e coco. Durante a atividade, Manoel Leandro, fundador do grupo, colocou a valorização da cultura local como uma resistência. “Quanto mais o jovem se apropria do externo, da cultura de fora, mais facilidade o jovem tem em desapegar do seu lugar. Aí é melhor para o capital que desloca o jovem para trabalhar para em qualquer lugar, a qualquer custo, perdendo sua identidade”.

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