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Caldeirão da resistência

No dia 25, domingo, acontece a 17ª Romaria das Comunidades ao Caldeirão do Beato José Lourenço no Sítio Caldeirão da Santa Cruz do Deserto em Crato - CE. O tema deste ano da romaria foi Caldeirão da Resistência: Água nossa de cada dia. Este tema veio da Campanha Água Nossa de cada dia, a mesma convoca a sociedade cuidar do bem comum que é a água.


A romaria teve como objetivo incentivar a campanha pela instituição de politicas publicas de captação, armazenamento e aproveitamento de agua das chuvas para o consumo humano, dos animais e a produção de quintais.

A Romaria deste ano é contada por Angelita Maciel da Cáritas Diócesana Crato "Nessa 17ª Romaria das comunidades estamos reafirmando primeiro a experiencia da luta caldeirão enquanto a viabilidade da reforma agrária e democratização da terra, a experiencia que o campesinato no nordeste é produtivo, essa é uma afirmação que a gente faz. A romaria esse ano ela traz o tema Caldeirão da Resistência: Água nossa de cada dia, cada ano a gente trabalha um tema e um tema que seja ligado a campanha da fraternidade e como esse ano a campanha da fraternidade foi o Cuidado com a casa comum e essa questão nossa da estiagem mais de cinco anos que não chove, então é o momento também pra gente fazer a reflexão da questão da água. Existe água no nordeste no reservatórios? Existe. Existe água pro consumo humano? Existe. O que não existe é a democratização da água, assim como não existe a democratização da terra. Então o que a gente tá afirmando nesse dia 25 na 17ª Romaria das comunidades é a resistência nos queremos trazer presente essa resistência camponesa, a resistência de homens e mulheres do campo que mesmo nessa estiagem toda consegue produzir nos seus quintais são experiências que a gente vem afirmando nesse nosso nordeste nesse nosso semiárido nessa terra bonita de se viver."

Angelita também conhecida por Nininha também é responsável na organização do evento e em organizar a chegança do povo.



A romaria conta com a participação de instituições e pessoas que lutam por justiça no semiárido: agricultores/as, CEBs, CPT, PJR e outras Pastorais Sociais, Cáritas, Fórum Araripense, Fórum das Águas Cariri, ACB, Sindicatos, Igrejas cristãs e outras denominações religiosas e Universidades.


Segundo Jeová de Oliveira Carvalho um dos fundadores da ACB “A romaria é importante não só para a igreja, todos os anos estamos apoiando e acompanhando a romaria. Na estrutura, levando água, mobilizando pessoas e transporte ao povo. A ACB tem ajudado bastante. A importância das romarias, todas elas são importantes eu classifico está com um reforço pela busca das políticas públicas, nos meios de comunicação.”















Jeová de Oliveira Carvalho e seu chapéu de couro.

Mário Costa é o responsável em levar a água para ser distribuída ao povo.

A ACB acompanha a Romaria desde a primeira romaria, estando inclusive em luta com o Assentamento 10 de Abril quando ocuparam o Caldeirão.

Durante a romaria os jovens do Assentamento 10 de Abril cantaram uma música puxados pelo artista João do Crato que acompanha o grupo desde o Projeto Jovens Familiares Produzindo no Cariri realizado pela ACB. Eles cantaram a música Chega de Mágoa em trecho que retrata bem o momento e o tema da romaria:

“Te quero água de beber Um copo d'água Marola mansa da maré Mulher amada Te quero orvalho toda manhã Terra, olha essa terra Raça valente, gente sofrida Chama, tem que ter feira Tem que ter festa, vamos pra vida Te quero terra pra plantar, ah Te quero verde Te quero casa pra morar, ah Te quero rede Depois da chuva o Sol da manhã”

Entre oferendas e bençãos aos vaqueiros vindos de várias cidades do cariri. Esta se encerra com a apresentação do grupo Bacamarteiros da Luz da cidade de Juazeiro do Norte.


Confira as fotos do evento:



Breve histórico:

No Sítio Caldeirão da Santa Cruz do Deserto em Crato – CE foi palco de uma dos maiores massacres no nordeste. A comunidade do Caldeirão foi liderada pelo Beato José Lourenço, este descendente de negro alforriados, desafiou latifundiários da região em luta por uma sociedade mais justa e humanitária. O beato era discípulo de Padre Cícero.

A comunidade contava com número expressivo de camponeses e romeiros, estes trabalhavam de forma coletiva e os lucros era divididos na compra de remédios e querosene. Chegando ao ter mais de mil moradores na seca de 1932, uma das maiores secas no nordeste.

O grupo incomodou coronéis, latifundiários e o governo de Getúlio Vargas. No ano de 1937 a comunidade foi bombardeada pelas forças do governo e da polícia militar, este massacre pode ter sido um dos maiores da história brasileira, cerca de mil mortos e uma das cenas mais fortes enterrados em uma única vala.

Confira um pouco desta história no documentário Regate da Memória e história da comunidade religiosa do Caldeirão:

https://www.youtube.com/watch?v=D5ypWasqXo0

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