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Festival de Sementes reúne agricultores e agricultoras do estado



Participantes representantes da microrregião do Cariri. Nelzilane Oliveira (Comunicadora Popular - ACB), Helenildo (Agente Cáritas Diocesana do Crato), Maria de Fátia (Feira Agroecológica do Crato), Maria Ana da Silva ( Feira Agroecológica do Crato e Assentamento 10 de Abril).

Foto: Rones Maciel









Realizado nos dias 17 a 19 de agosto, na cidade de Quixeramobim, o II Festival Cearense das Sementes da Vida e o IV Encontro Estadual de Agricultores/as Experimentadoras/as. O encontro reuniu 89 participantes da Rede de Sementes da Vida. O evento foi uma realização do Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido - FCS.

Maria de Fátima e Maria Ana, representantes da microrregião do Cariri. Foto: Nelzilane Oliveira

O primeiro dia foi marcado pela alegria das delegações que chegavam de suas microrregiões, trazendo consigo suas sementes para a realização da troca de sementes no encerramento do evento. “Gosto de participar desses movimentos, desses encontros, a gente saí com muito conhecimento das coisas”, afirma Dona Ana, agricultora e feirante do Assentamento 10 de Abril da cidade do Crato.

No início da tarde, aconteceu a mesa Sementes do Semiárido: o avanço do agronegócio e dos transgênicos e dos e dos desafios para a produção Agroecológica. Na mesa, a participante Maria Ana da Silva conhecida por Dona Ana, agricultora e feirante, abriu a discussão relatando as mudanças em sua vida após a vinda das tecnologias sociais. “Eu tenho um pote de beber água, que é minha cisterna. Um dos melhores projetos que a ASA fez foi o das cisternas” afirma Dona Ana.




“Gostei em toda a minha vida de repassar conhecimento” fala Ananias Alves agricultor de 72 anos, um dos participantes da mesa. “As pessoas pensam no imediatismo, pensam em produzir rápido, porque os invernos são cada vez mais curtos e foram perdendo as sementes nativas. A ponto de hoje termos essa casa de sementes com pequenos pontos que fomos pegando em encontros comunitários”.

Para informar sobre as tecnologias sociais e os avanços dos programas da ASA, foi convidado Antônio Barbosa, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas. “Estamos em 2017, lembrando que, em 1999, as pessoas riam quando se falavam em um milhão de cisternas e hoje temos isso”. Ele salienta que o atual cenário político exige uma atenção e posicionamento: “a gente precisa ir pra rua, denunciar inclusive o aumento da violência do campo”.


O segundo dia foi o momento de conhecer algumas experiências com casas de sementes da região, foram realizados três intercâmbios: Na comunidade Bom Jardim, em Quixadá, com o quintal da agricultora e guardiã de sementes crioulas Antônia Marta da Silva. Um quintal diversificado, com uma boa variedade de produtos cultivados. Algumas tecnologias sociais fizeram parte dessa conquista, a cisterna de primeira água, tanque de pedra e cisterna de enxurrada; Na comunidade Riacho do Meio, em Choró, na Associação Comunitária dos Agricultores (as) Familiares do Riacho do Meio e grupo jovens Sementes do Sertão, experiência do grupo com o trabalho de beneficiamento de gergelim para a extração do óleo de gergelim extravirgem; Na comunidade de Aroeiras, há 15 quilômetros do centro da cidade de Quixeramobim. Na visita foram apresentadas a Casa de Sementes Zé Noca, quintal produtivo, reuso de água, mandala e roçado coletivo.



O grupos que participaram dos intercâmbios apresentaram a sistematização produzida pelo próprio grupo, através de desenhos feitos em um estandarte. Ao terminarem a apresentação foi apresentado um documentário e após a apreciação foram convidados ao debate sobre o vídeo Rita Maria de Oliveira é agricultora e mora na cidade de Tururu, Gema Galgani é professora da Universidade Federal do Ceará, tem doutorado em Sociologia e leciona no Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, entre outros cursos, uma técnica e um técnico que acompanharam o trabalho dos grupos que aparecem no documentário.


Na manhã de sábado (19), a presidenta do Conselho de Segurança Alimentar do Ceará, Malvinier Macedo, falou aos/às participantes do evento sobre o objetivo do Consea de preservar a biodiversidade vegetal e como as guardiãs e guardiões de sementes crioulas contribuem para isso. “Se desaparecerem as sementes, nós também desapareceremos”, alertou ela. A memória cultural e afetiva da culinária nordestina também foi enfatizada por Malvinier, que estimulou as guardiãs/aos de sementes crioulas a continuar mantendo uma herança vegetal para as próximas gerações. “Temos que botar o pé no freio e lembrar nossas origens, uma forma de fazer isso é preservar as sementes”, aconselhou.


O encerramento do evento aconteceu uma grande troca de sementes crioulas, momento tão esperado pelas agricultoras e agricultores participantes do evento.



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