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Renovar a fé e a esperança.

Dia de renovação, um dia cheio de alegria e festejo. Neste cenário de festividade, antes da reza acontece ‘a janta’, um verdadeiro banquete. Após o jantar foi apresentado o documentário realizado pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), com apoio do BNDES, com o nome ‘ConViver’. E produção das equipes da Nigéria (Roger Pires, Bruno Xavier, Raquel Paris, Valentino Kmentt e Madalena), da ASACom e apoio estratégico das organizações da ASA (ACB, Caatinga, Chapada, Cáritas Piauí, Centro Sabiá, Cetra e IRPAA).


O documentário traz as transformações no cenário do território do semiárido brasileiro, ao longo dos últimos 18 anos, com o olhar voltado para as ações de políticas públicas na convivência com o semiárido. Este olhar se deu através de falas de agricultoras e agricultores que passaram por estas mudanças, mudando a ideia de atraso e combate à seca dando espaço para a convivência e ao Bem Viver.

O documentário foi gravado nos meses de junho e julho, em várias regiões do semiárido brasileiro, com depoimentos que emocionam como o depoimento de Dona Ana (Maria Ana da Silva) que aparece no documentário com seu relato cheio de sabedoria. Após a apreciação do documentário Dona Ana fala de sua emoção e sua participação nas gravações “fiquei muito contente com o convite, o pessoal veio aqui na minha casa não precisei sair daqui e não atrapalhou minha lida do dia. Vieram numa quinta-feira, dia que me preparo pra feira, e no dia seguinte estavam na feira. Foi muito gostoso e bom participar, ver pronto foi uma alegria tão grande, agradeço por ter participado e a ACB por me fazer participar de tanta coisa boa”, diz Dona Ana emocionada.


Em sua fala no documentário Dona Ana chama atenção para os jovens e ressalta a importância de continuar em seu lugar, “minha fala foi para os jovens, pra que eles vejam que não precisa sair pra nenhum canto, que na terra da gente tem tudo sem precisar sair pra outro lugar sem trabalhar pra ninguém e ser sujeito a ninguém”, nos relata.


Renovar a fé e a esperança em dias melhores, em semiárido vivo e cheio de alegria, apresentar o documentário em um espaço de renovação foi inspirador. A família de Dona Ana acolheu a todas e todos com muita alegria e satisfação em receber as pessoas e na emoção em poder ver o documentário com estas pessoas. “Achei muito importante o documentário com o tema convivência com o semiárido. Por ter não só a fala dela, mas como a de outras famílias e produtores rurais que trabalham no semiárido e de sua convivência no dia-a-dia. Achei muito importante a parte em que ela conta como chegou no Assentamento 10 de Abril, a participações das ONG’s como a ACB e pela ASA”, relata Cícero Danilo da Silva, 22 anos, filho de Dona Ana. “Acompanho a luta dela desde que chegou aqui no assentamento, ela é um excelente exemplo aos jovens e adultos de hoje em dia que todos possam se espelhar na sua história de vida”, Fabíola Silva Batista, sobrinha de Dona Ana.



Ao terminar o documentário foi feito um momento de debate com as pessoas que assistiram ao documentário, Dona Ana ainda emocionada nos fala um pouco de sua trajetória de vida “há vinte anos atrás todos nós era pobre e passava fome. Eu cansei de ir dormir e imaginar o dia de amanhã sem eu ter o que botar no fogo. E graças a Deus através desses movimentos que a gente se engajou as coisas melhoraram”, enfatiza Dona Ana.


“Tenho convivência com ela, tenho um longo período de luta, porque fazemos parte da mesma caminhada. Ela como assentada e defensora da comunidade e da identidade do nordestino que é a nossa cultura, o nosso alimento o nosso modo de plantar, o nosso modo de tratar as pessoas. Como esse ato está sendo feito aqui de renovação, que raramente você ainda vê nas comunidades que é essa renovação”, diz Cícero Braz conhecido por Zé de Tetá, agricultor da Associação Rural do Baixio das Palmeiras e representante do Fórum Popular das Águas do Cariri.


O documentário deixa uma mensagem e ouvir a sabedoria popular de mulheres e homens do semiárido brasileiro é enriquecedor. Em uma de suas falas Dona Ana nos deixa um de seus ensinamentos “quando ocupamos a terra nosso lema era: Ocupar, Resistir e Produzir. Enquanto eu tiver viva eu vou produzir, e vou vender, vou pra feira e vou pra todo canto que Deus permitir”, relata Dona Ana.

Ao terminar as falas as pessoas seguiram pra sala para a reza.


Veja o documentário o link abaixo:


Entenda o que é uma renovação:

As renovações foram um dos ensinamentos de Padre Cícero, tornou-se uma tradição que é mantida nas casas das famílias do semiárido brasileiro. As renovações do Sagrado Coração de Jesus se iniciaram na cidade de Juazeiro do Norte, simboliza o compromisso de fé da família em seguir o Evangelho em obediência ao apelo de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque.

As casas das famílias do semiárido que seguem o catolicismo possuem em sua sala de entrada a “sala do santo”, um altar montado com imagens de santos. Desta forma uma vez por ano cada casal convida amigos e amigas, parentes e familiares, para renovarem sua fé. Geralmente a data escolhida é a data que celebra o aniversário de casamento do casal, momento em que a família pede a Deus proteção ao Lar. A celebração é realizada por ‘rezadeira’ ou ‘rezador’, com cânticos e louvores.

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