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“As mulheres são a resistência, sem feminismo não há convivência”

Iniciado na tarde do dia 06 de novembro na cidade de Natal, o Encontro de Mulheres do Semiárido e a Construção de Tecnologias Sociais de Convivência. O evento reuniu cerca de 150 mulheres com a participação de lideranças femininas de comunidades rurais, sindicais, associações, e frentes de luta feministas. A realização do evento é da parceria do Centro Feminista 8 de Março e da Articulação do Semiárido Brasileiro.


O grito “As mulheres são a resistência, sem feminismo não há convivência” ecoaram em suas vozes, este animou a chegada das mulheres no auditório. Após a mística de abertura é chagada a vez da primeira mesa temática com o tema “Do combate a seca à convivência com o Semiárido: mulheres rurais e a mudança de paradigma”, este abordou um diálogo de convivência com semiárido a partir do olhar das mulheres.


"Esta é a realização de um sonho. Poder participar de um encontro com mulheres, poder aprender mais e compartilhar minhas experiências pessoais e de luta", diz Maria Lúcia, 28 anos, agricultora e estudante do 1º semestre do curso de Geografia da Universidade Regional do Cariri. Ela representou a microrregião do Cariri no evento, da comunidade Engenho da Serra, Crato - CE.


A mesa mediada por Marialda Moura, da ACC/RN, foi formada pela agricultora Maria de Fátima (Fáfá) da Rede de agricultores/as agroecológicos/as do Vale do Curu e Aracatiaçu/CE, da Professora Gema Esmeralda da Universidade Federal do Ceará, Conceição Dantas da coordenação do Centro Feminista 8 de Março/PE, Glória Araújo da do PATAC e ASA Pernambuco.


Durante a mesa o tema abordado pelas convidadas permeou desde a Seca à convivência, entre teoria da academia a sabedoria popular, ao relato de experiências dos movimentos populares e das redes. A agricultora Fafá trouxe sua fala em torno da agroecologia “criei meus 8 filhos, construí minha casa, sou liderança de mulheres, venci a violência que sofria do meu ex-companheiro e tudo isso através da luta no MMTR e a agroecologia que me deu força. Pela vida das mulheres, pela agroecologia”.


No segundo dia em coro e animadas por gritos e músicas as mulheres da plateia convida as participantes da próxima mesa temática “A auto-organização das mulheres no semiárido Brasileiro e suas alternativas de resistência”. Foram convidadas a Professora Andrea Buto da UFPE, Verônica Santana do MMTR Nordeste, Roselita Vitor agricultora do Polo Sindical da Borborema/PB, Niliam Teles coordenadora do GT Mulheres da ANA. Para a Andrea Buto em tempos de retrocessos os tempos são outros “Não estamos mais no tempo das políticas públicas e de parceria com o Estado, que está para ser denunciado por nós. Precisamos reforçar a resistência, pensar estratégias de lutas com autofinanciamento e reorganização dos territórios a partir da agroecologia, da reforma agrária e dos fundos rotativos”, diz Andrea.


Seguindo a programação do evento na parte da tarde as mulheres se dividiram em grupos. A roda funcionou em formato de carrossel, quando os grupos vão girando até percorrer todos os espaços fixos onde cada experiência está sendo contada. Foram apresentadas cinco experiências de agricultoras sobre os temas: Manejo da Caatinga, Reuso de água, Comunidades Tradicionais, Produção de Alimentos, e Assistência Técnica e Extensão Rural/Fomento. À noite foi realizado a feira de saberes e sabores, repleta de variedades em produtos, alimentos beneficiados, artesanato e sementes. A feira foi um momento importante na socialização de saberes e troca de experiências entre as agricultoras, e o público em geral pois foi aberta ao público. A animação da noite foi feita pela cantora potiguar Gabi Cruz e banda.


Encerrando a programação com a mesa “Um dos princípios do feminismo é transformar o pessoal em político. O que acontece entre quatro paredes, na nossa casa, é político na luta das mulheres. É ali que incide a opressão, a divisão sexual do trabalho, as caixinhas que enquadram as meninas e os meninos. Isso precisa ser visibilizado. Precisamos modificar a estrutura capitalista e patriarcal a partir daí”, relatou Valquíria Lima, da coordenação executiva da ASA Brasil pelo estado de Minas Gerais.

Alguns dos compromissos levantados foram: a construção de uma agenda de lutas conjunta das mulheres da região; a ampliação da Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico para o nível nacional; a criação de um grupo de animação feminista no âmbito da região de atuação da ASA Brasil e o levantamento dos nomes de mulheres que contribuíram e seguem contribuindo com a agroecologia no Brasil, memória que será reconstruída durante todo o processo de preparação do V Encontro Nacional de Agroecologia, que acontecerá em 2018.


Foi feita a leitura da carta política. O encontro chega ao fim ao som do lema “As mulheres são a resistência, sem feminismo não há convivência”.


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