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Intercâmbio realizado no território de Sobral

com foco na agricultura resiliente ao clima

Por Nelzilane Oliveira

Vista na EMBRAPA - Caprinos Ovinos. Fonte: João Caetano (Comunicador Popular, Instituto Antônio Conselheiro (IAC).


No semiárido brasileiro a agricultura é uma das atividades mais importantes para a sustentabilidade de seus povos. Com o passar dos anos e avanço das mudanças climáticas tem se tornado um desafio significativo para a agricultura familiar, o que tem afetado a produção de alimentos e a estabilidade econômica das comunidades rurais.


Com este contexto, no Território de Sobral, foi realizado o último da série de cinco encontros que fazem parte d 2º Programa de Formação em Agricultura Resiliente ao Clima do projeto DAKI Semiárido Vivo. Aconteceu dos dias 11 a 15, no sertão de Sobral. O primeiro dia do intercâmbio aconteceu na sede da EMBRAPA – Caprinos e Ovinos, que vem experimentando soluções climáticas para a agricultura familiar.


Sobral, localizada no estado do Ceará, enfrenta desafios constantes relacionados à falta de água e altas temperaturas, que afetam diretamente a produtividade agrícola. No entanto, a região também é conhecida por sua capacidade de adaptação e resiliência, que são fundamentais para superar as adversidades climáticas.


O intercâmbio reuniu agricultores locais, especialistas em agricultura sustentável e representantes de organizações governamentais e não-governamentais. O objetivo principal foi compartilhar experiências bem-sucedidas de práticas adaptativas para enfrentar os desafios climáticos e fortalecer a agricultura local.


O que foi abordado no intercâmbio

Durante o intercâmbio, foram discutidas diversas estratégias utilizadas no território de Sobral, que contribuem para a agricultura resiliente ao clima. Dentre elas, o uso eficiente da água, por meio de técnicas de irrigação por gotejamento e do aproveitamento da água da chuva, mostrou-se uma prática fundamental para garantir a sustentabilidade da produção agrícola. Além disso, foi ressaltada a importância de escolher culturas adaptadas ao clima local, que possam resistir às temperaturas elevadas e à escassez de água.


Estas técnicas foram ressaltadas com uso das tecnologias sociais que permitem o uso racional da água nestes sistemas de gotejamento, dentre elas as cisternas calçadão e sistema de reúso de águas cinzas. Neste arranjo foi destacado a importância na criação animal, dando prioridade aos caprinos e ovinos, as galinhas caipiras e porcos. Entre as experiências, no Sítio Contendas, o casal Jandira e Luís que possuem várias tecnologias e experiências de Convivência com o Semiárido e resiliência climática.


"Hoje temos a primeira água, a segunda, e a terceira que é o reúso. Isso tudo nós não tínhamos vinte anos atrás, o que mudou nossa vida. No tempo da pandemia o que me deu força foi nosso quintal produtivo não sei o que teria sido da minha vida", diz Jandira.


Outro aspecto discutido durante o intercâmbio foi a implementação de sistemas agroflorestais, que permitem a diversificação da produção, melhorando a resiliência dos sistemas agrícolas ao clima. A integração entre árvores, culturas agrícolas e criação de animais promove a conservação do solo, a recuperação de áreas degradadas e a redução da erosão, além de proporcionar sombreamento e proteção contra as altas temperaturas. Na sede EMBRAPA – Caprinos e Ovinos, as e os 31 participantes puderam conhecer o Sistema Agroflorestal em faixas e o manejo da Caatinga conjugado com criação de animais.


Durante o intercâmbio, foi debatido mais um aspecto que foi a organização comunitária e os processos de comercialização de produtos, bem como o destaque na economia solidária. Entre as visitas teve um momento na Casa da Economia Solidária do município de Sobral, local que movimenta o município culminando neste potente espaço de comercialização. Uma das artesãs mais ativas do grupo relata sua experiência. "Sou agricultora, artesã e já fazia economia solidária muito antes da casa. Cada dia mais cresce nossas demandas, sempre estou disponível para participar de viagens e de intercâmbios para aprender e ensinar o pouco que sei" diz Eufrásia.


Neste aspecto organizativo da Casa de Sementes das Contendas, onde participantes tiveram um momento de troca de experiências bem importante, existem 19 casas no município, elas são organizadas através da Rede de Intercâmbios de Sementes (RIS).


Além disso, participantes do intercâmbio conheceram a comunidade remanescente Quilombola do Batoque, localizada no município de Pacujá. O encontro permitiu a apresentação do trabalho de alunas do curso DAKI e do técnico Luís Eduardo Sobral (CETRA), foi apresentada a história da comunidade e o mapa que possuí elementos e toda a simbologia do povo quilombola Batoque.


O intercâmbio realizado no território de Sobral foi uma oportunidade valiosa para o fortalecimento da agricultura resiliente ao clima. Ao compartilhar experiências e práticas bem-sucedidas, os participantes puderam ampliar suas habilidades e conhecimentos, contribuindo para uma agricultura mais sustentável e adaptativa. Essa troca de experiências fortalece não apenas a comunidade local, mas também serve como exemplo inspirador para outras regiões que enfrentam desafios semelhantes.


Participação institucional

O projeto DAKI Semiárido Vivo teve como um de seus agentes mobilizadores as organizações que compõem o Fóum Cearense Pela Vida no Semiárido (FCVSA). A ACB é uma das organizações que fazem parte desta rede, foi uma das organizações referência responsável por mobilizar e acompanhar os grupos no Programa de Formação em Agricultura Resiliente ao Clima.

Este foi estruturado em três momentos com a finalidade de potencializar o intercâmbio de conhecimento entre os participantes. O primeiro ocorreu em formato EAD em 2022 e objetivou a ampla participação de representantes dos três semiáridos latinoamericanos.

Além disto a instituição indicou a participação de Zilvania Nascimento, Diretora Administrativo | Comitê Gestor da ACB, participante do processo formativo e participante do intercâmbio. Ela relatou sua experiência vivenciada nestes dias de intercâmbio.

"Nestes dias intensos de intercâmbio foram muitos aprendizados, visitas em comunidades que possuem um arranjo de Unidade Demonstrativa Comunitária. Tivemos a oportunidade de vivenciar na prática os processos de comercialização e organização de grupos, ver o protagonismos das mulheres na casa do mel, e a importância da economia solidária. Agora temos a missão de levar o que conhecemos para nossas comunidades e nosso território", destaca Zilvania.


Primeiro dia do intercâmbio, Zilvania Nascimento e Nelzilane Oliveira.

Fonte: João Caetano (Comunicador Popular, Instituto Antônio Conselheiro (IAC).


Ainda no campo da participação institucional, Nelzilane Oliveira, Diretora de Comunicação | Comitê Gestor da ACB, também participou do intercâmbio e foi tutora pedagógica na etapa curso do DAKI.


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